Recuperação
da economia começa a influenciar arrecadação, diz Receita
- 19/10/2017 18h58
- Brasília
Wellton
Máximo – Repórter da Agência Brasil
A recuperação da economia começa
a se refletir na arrecadação, disse hoje (19) o chefe do Centro de Estudos
Tributários da Receita Federal, Claudemir Malaquias. Segundo Malaquias, mesmo
se forem retirados os efeitos de receitas extraordinárias que entraram no caixa
do governo, como a renegociação de dívidas e o aumento dos tributos sobre os
combustíveis, a arrecadação federal continuaria crescendo.
Em setembro, a arrecadação federal cresceu 8,66% acima da
inflação oficial pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em
relação ao mesmo mês do ano passado. Mesmo descontando o Programa Especial de
Regularização Tributária (Pert), também conhecido como novo Refis, e o aumento
dos combustíveis, as receitas teriam aumentado 5,19% acima da inflação.
De janeiro a setembro deste ano,
a arrecadação federal subiu 2,44% a mais que o IPCA. Ao descontar os fatores
atípicos, no entanto, a arrecadação acumularia crescimento de 1,07%. A conta no
acumulado de 12 meses também exclui receitas ocorridas no ano passado que
não se repetiram este ano, como a entrada de R$ 46,8 bilhões da regularização
de ativos no exterior, também conhecida como repatriação, e a redução de pagamento de tributos por entidades financeiras,
que está sendo investigada pelo Fisco.
Indústria
De acordo com Malaquias, a
recuperação é mais notável em tributos que não sofreram mudanças nas alíquotas
nos últimos anos, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre
veículos, cuja receita aumentou 83,13% acima da inflação em setembro contra o
mesmo mês do ano passado. Para ele, a alta indica que o crescimento econômico
está se espalhando pelos setores da indústria.
“Até agora, o desempenho da
arrecadação do IPI estava atrelado às indústrias químicas e de alimentos, mas a
recuperação também chegou à indústria automotiva. Isso pode ser comprovado pela
alta na arrecadação de setores associados, como autopeças. Após um longo
período de recessão, é natural que a recuperação ocorra em diferentes patamares
por setores. Alguns são mais rápidos. Outros vão demorar”, explicou.
O técnico da Receita também cita
o crescimento da arrecadação da Previdência Social de 5,87% acima da inflação
como reflexo da recuperação do emprego. Hoje, o Ministério do Trabalho divulgou
que houve a abertura de 208,9 mil postos de trabalho com carteira assinada nos
nove primeiros meses do ano.
“Até poucos meses atrás, a
recuperação estava se dando no emprego informal, mas agora está chegando ao
emprego com carteira assinada. Esse é um movimento natural da atividade
econômica, onde o emprego formal costuma ser o último vagão da locomotiva”,
declarou.
Crédito
O chefe do Centro de Estudos
Tributários da Receita disse ainda que números preliminares mostram que a
arrecadação de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para pessoas físicas
está aumentando. “Em valores absolutos, são montantes pequenos, mas a alta em
setembro chegou a 15,61% [em relação a setembro do ano passado em valores
corrigidos pela inflação]”, destacou. “A gente ainda precisa observar se essa
trajetória vai continuar, mas o crescimento percentual indica a perspectiva de
maior expansão do crédito.”
Edição: Nádia
Franco
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