Brasil
recuperou exportações e efeito da Carne Fraca é desprezível, diz Maggi
- 31/10/2017 14h40
- Brasília
Mariana
Tokarnia – Repórter da Agência Brasil
Brasília
- O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, durante audiência pública na
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados Marcelo
Camargo/Agência Brasil
Quase oito
meses após a Operação Carne Fraca, o ministro da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, Blairo Maggi, disse que os volumes e os valores das vendas da
carne brasileira foram recuperados no mercado internacional.
Segundo o
ministro, o efeito da Carne Fraca na balança comercial "é desprezível
neste momento". Maggi participou hoje (31) de audiência pública na
Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados, para
apresentar as medidas adotadas pela pasta após a operação.
De acordo
com os dados apresentados por Maggi, logo após a operação, a média diária das
exportações desses produtos caiu de aproximadamente US$ 60 milhões para US$ 74
mil nas primeiras semanas. Segundo ele, o mercado se recuperou. "Depois
dessa confusão da Carne Fraca, não só ministro, mas associações, tivemos que
voltar nesses mercados e reafirmar nossos compromissos, reafirmar que o sistema
brasileiro é bom, é forte e tem condições de continuar no mercado
mundial".
De 93
compradores, 90 estão com o mercado aberto. Desses, 33 estão com o comércio
regular e 56 estão com suspensão parcial ou inspeção reforçada. Pelo menos 25
países fecharam o mercado e acabaram abrindo posteriormente. Três países não
retomaram as importações: Zimbábue, Trindade e Tobago e Santa Lúcia. A
República do Congo integrava essa lista até ontem (30), mas o ministro diz que
o país já se comprometeu a retomar as compras.
Segundo o
ministério, os mercados atualmente abertos representaram cerca de US$ 14,21
bilhões ou 99,8% dos valores exportados em carnes, no ano de 2016. As
restrições impostas às exportações de carnes do Brasil foram retiradas pelos
principais compradores do produto brasileiro. "Na União Europeia agora
100% dos contâineres são abertos e são feitas análises para ver se estão em
conformidade. Mesmo com esse rigor, não tivemos problemas maiores", disse
o ministro.
Em relação
aos países que seguem fechados, Maggi diz que enviou uma carta na semana passada
a cada um deles explicando o contexto atual e dizendo que espera que voltem a
importar o produto brasileiro.
Operação
A Operação
Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal, teve início em 17 de março deste
ano e desarticulou um esquema de corrupção envolvendo fiscais agropecuários e
donos de frigoríficos nos estados do Paraná, Minas Gerais e Goiás.
Segundo as
investigações da PF, os fiscais alvos da operação recebiam propina das empresas
para emitir certificados sanitários sem fiscalização efetiva da carne, o que
permitia a venda de produtos com prazo de validade vencido.
Logo que a
operação foi deflagrada, o Brasil recebeu 374 comunicados oficiais envolvendo
demandas de 93 países. "Montamos uma força tarefa para esclarecer parte a
parte, país a país o que estava acontecendo. O máximo de transparência é
necessário para que não se perca nenhum mercado", disse Maggi aos
parlamentares.
O ministério
suspendeu as autorizações para a produção e a exportação de todos os
estabelecimentos citados na Operação. Ao todo, foram citadas 21 empresas e
recolhidas 762 amostras para análise. Dez delas apresentaram problemas mais
graves que poderiam afetar a saúde dos consumidores, como a presença, em sete
delas, da bactéria Salmonella, em hambúrgueres.
Segundo
Maggi, as unidades onde foram encontradas irregularidades foram suspensas.
Outras 69 apresentaram inconformidades como excesso de amido na salsicha ou
adição de água além do permitido em frangos. As demais 683 não apresentaram
quaisquer irregularidades.
O Ministério
informou que ao final das investigações, quatro frigoríficos foram
interditados. Dois voltaram a operar e os outros dois tiveram o registro
cancelado.
Servidores
Servidores
Após a
Operação, o ministério afastou 33 servidores e instaurou 11 processos
administrativos disciplinares. Os servidores envolvidos que ocupavam cargos de
chefia foram exonerados.
O ministério
deverá publicar um decreto para retirar das superintendências a
responsabilidade pela fiscalização de abatedouros. "O superintendente não
responderá mais por essa parte, vai ficar absolutamente técnico o processo,
afastando essa questão política, interferência. Isso está fazendo com que os
países compradores olhem com bons olhos e essa atitude está reforçando o
sistema".
Além disso,
diante da dificuldade da pasta em fazer novos concursos para ter mais fiscais
atuando, a ideia é otimizar os recursos disponíveis. Segundo Maggi, será feita
uma avaliação de taxas que poderiam ser cobradas e não estão sendo para que
possam compor um fundo para pagar hora extra aos servidores.
"O
Brasil vai continuar crescendo, mas não vai conseguir, com o quadro de pessoas,
atender as plantas [frigorífico ou abatedouro] que estão disponíveis nesse
momento. Temos que olhar para dentro dos nossos sistemas e dizer que temos que
fazer mudanças. Contratamos uma consultoria e queremos verificar o que é papel
do Estado e o que poderia a iniciativa privada tocar sem o Estado. Vamos
apresentar nova forma de fazer isso", acrescenta Maggi.
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