BC diz
que há avanços no combate à inflação, mas com riscos de alta dos preços
- 05/05/2016 09h30
- Brasília
Kelly
Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Banco Central considera que ainda há riscos no
processo de combate à alta dos preços Foto: Agência Brasil/Antonio Cruz
O Banco Central (BC) considera
que houve avanços no combate à inflação, mas ainda há riscos no processo de
combate à alta dos preços. A avaliação consta da ata da última reunião do
Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, divulgada hoje (5).
Um dos riscos está relacionado ao
processo de recuperação das contas públicas e sua composição. O comitê ressalta
que indefinições e alterações significativas na trajetória de geração de
resultados primários (receitas menos despesas, excluídos gastos com juros)
contribuem para gerar uma percepção negativa sobre a economia brasileira e
impactam negativamente as expectativas de inflação.
“Sobre o combate à inflação, o
comitê destaca que a literatura e as melhores práticas internacionais
recomendam um desenho de política fiscal consistente e sustentável, de modo a
permitir que as ações de política monetária sejam plenamente transmitidas aos
preços”, disse.
Outro risco apontado pelo Banco
Central é que o processo de realinhamento dos preços externos em relação aos
internos e dos livres em relação aos administrados mostrou-se mias demorado e
intenso do que o previsto. Esse realinhamento de preços foi um dos principais
fatores que causaram a alta da inflação em 2015.
“Adicionalmente, remanescem
incertezas em relação ao comportamento da economia mundial”, acrescentou o
comitê.
Saiba Mais
Selic
O Copom reafirmou que adotará
medidas necessárias para que a inflação fique dentro do limite superior da meta
este ano, 6,5%, e para fazer convergir para o centro da meta de 4,5%, em 2017.
Neste contexto, reiterou o comitê, não há espaço para redução da taxa básica de
juros, a Selic.
No dia 27 de abril, o Copom
manteve a taxa Selic em 14,25% ao
ano, pela sexta vez consecutiva.
Embora ajude no controle dos
preços, o aumento ou a manutenção da taxa Selic em níveis elevados prejudica a
economia. É que os juros altos intensificam a queda na produção e do consumo.
A taxa é usada nas negociações de
títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve
de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para
cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços,
porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando
reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o
consumo, mas enfraquece o controle da inflação.
Depois de quatro meses com taxa
de dois dígitos, a inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), voltou a fechar o acumulado de 12 meses em
um dígito. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o
IPCA fechou os 12 meses encerrados em março em 9,39%, depois de ter fechado
fevereiro em 10,36%.
Na avaliação do Copom, a inflação
em doze meses ainda está em patamar elevado, “reflexo dos processos de ajustes
de preços relativos [administrados em relação aos livres e externos em relação
aos internos] ocorridos em 2015, bem como do processo de recomposição de receitas
tributárias observado nos níveis federal e estadual, no início deste ano, e que
fazem com que a inflação mostre resistência”.
“Ao tempo em que reconhece que
esses processos têm impactos diretos sobre a inflação, o comitê reafirma sua
visão de que a política monetária pode, deve e está contendo os efeitos de
segunda ordem deles decorrentes”,acrescentou. Para instituições financeiras, o IPCA deve fechar este ano
em 6,94%.
Projeções
O Copom projeta reajuste médio de
19% nas tarifas de água e esgoto, de 12,8% nos preços dos medicamentos e
redução de 3,2% nos preços da energia elétrica, consideradas as alterações
anunciadas relativamente a bandeiras tarifárias. A previsão anterior para a
redução na tarifa de energia era 3,5%. Para o conjunto de preços administrados
por contratos e monitorados, a estimativa é de variação de 6,8% este ano, ante
a projeção de 5,9%, considerada em março. Para 2017, o BC projeta variação de
5% nos preços administrados, mesmo valor considerado em março.
Edição: Kleber
Sampaio
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