Presidente do Tribunal de Contas do DF é ameaçado de morte
- 21/01/2016 17h36
- Brasília
Marieta Cazarré - Repórter da Agência Brasil
O presidente
do Trribunal de Contas, Renato Rainha, lê a carta que recebeu com ameaça
de morte Valter Campanato/Agência Brasil
O
presidente do Tribunal de Contas do Distrito Federal, Renato Rainha, disse hoje
(21), em entrevista coletiva, que recebeu uma carta anônima contendo ameaças de
morte contra ele e o conselheiro Manoel de Andrade. A mensagem diz que há
militares prontos para matar os dois. A carta faz referência a processos de
fraude no recebimento irregular de Indenização de Transporte por integrantes da
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar.
“É
um fato muito antigo. Fizemos uma auditoria no Corpo de Bombeiros, em 1999. Um
dos auditores notou que a maioria dos bombeiros, que ia para a reserva, mudavam
de Brasília para um local muito longe. Cidades como Tabatinga, no Amazonas, e
Cruzeiro do Sul, no Acre, recebiam um número grande de militares que iam para a
reserva. Alguns [diziam que iam para] endereços inexistentes ou no mesmo
endereço [indicado por outro transferido]. Isso chamou a atenção e nós
começamos a apurar”, disse Renato Rainha.
Após
a auditoria, mais de 800 processos foram abertos. De acordo o presidente do
tribunal, nos casos em que se verificou que o militar efetivamente se mudou, o
processo foi arquivado. Mas, nos casos em que ficou comprovado que não houve a
mudança de domicílio, o tribunal condenou os militares a devolver a Indenização
de Transporte com juros e correção monetária, por terem agido de má-fé. Os
valores variam entre R$ 80 mil e R$ 200 mil, dependendo da quantia paga na
época.
“Muitos
militares simularam a mudança e receberam o benefício indevidamente. Vários
deles, que informaram que estavam morando em outras localidades, tinham
veículos aqui no Distrito Federal recebendo multas, os filhos matriculados nas
escolas daqui, por exemplo”, afirmou Renato Rainha.
A
indenização, que a princípio era apenas para integrantes das Forças Armadas,
foi estendida à PM e ao Corpo de Bombeiros entre os anos de 1995 e 2002. Após a
identificação das fraudes, em 2002, o benefício foi revogado.
Reprodução da carta com ameaça enviada ao presidente do
Tribunal de Contas Valter Campanato/Agência Brasil
Na
carta de ameaça, a pessoa se descreve como sendo integrante da inteligência da
PM. Rainha afirmou que não acredita que se trate de um militar, e disse confiar
plenamente na lisura destas instituições. Falou ainda que, apesar de não estar
com medo, redobrará os cuidados com a sua segurança.
De
acordo com Rainha, a carta foi protocolada dia 11, mas apenas na última
segunda-feira, dia 18, foi lida. Ele disse que levou a carta ao conhecimento
dos demais conselheiros e que eles entenderam, por unanimidade, que poderia ser
uma ameaça real.
As
polícias civil e militar e o Corpo de Bombeiros estão investigando o caso.
Edição: Beto Coura
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