Brasil
deixou de arrecadar R$ 354,7 bi com renúncias fiscais em 2017
Publicado
em 17/06/2018 - 19:24
Por Wellton
Máximo – Repórter da Agência Brasil Brasília
Com meta de déficit primário de
R$ 159 bilhões neste ano e com um teto de gastos pelas próximas duas décadas, o
governo teria melhores condições de sanear as contas públicas, de acordo com o
Tribunal de Contas da União (TCU), concedendo menos incentivos para
determinados setores da economia. O relatório do TCU das contas do governo em
2017, aprovadas com ressalvas na
última quarta-feira (13), revelou que as renúncias fiscais somaram R$ 354,7
bilhões no ano passado. O montante equivale a 30% da receita líquida do governo
no ano e supera os déficits da Previdência Social e do regime de aposentadorias
dos servidores federais, que somaram R$ 268,8 bilhões em 2017. Segundo o TCU,
84% das renúncias têm prazo indeterminado, o que faz a perda de arrecadação ser
incorporada às contas dogoverno.
A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que cada renúncia fiscal seja custeada com alguma receita, seja com o aumento de outros tributos ou com a alta da arrecadação gerada pelo desenvolvimento da economia. O TCU, no entanto, constatou que 44% dos incentivos fiscais não são fiscalizados por nenhum órgão, o que levou o ministro Bruno Dantas a recomendar que os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil montem um grupo de trabalho para verificar a eficácia das renúncias fiscais.
Segundo a Receita Federal, as desonerações (que compõem uma parte das renúncias fiscais) estão estabilizadas em 2018, depois de caírem levemente em 2017. De janeiro a abril deste ano, segundo os dados mais recentes, somaram R$ 27,577 bilhões, contra R$ 27,631 bilhões no mesmo período do ano passado. Os números da Receita são inferiores aos do TCU porque o Fisco leva em conta apenas as renúncias mais recentes e incorpora ao fluxo normal de arrecadação as perdas com regimes especiais instituídos há bastante tempo.
A Lei de Responsabilidade Fiscal determina que cada renúncia fiscal seja custeada com alguma receita, seja com o aumento de outros tributos ou com a alta da arrecadação gerada pelo desenvolvimento da economia. O TCU, no entanto, constatou que 44% dos incentivos fiscais não são fiscalizados por nenhum órgão, o que levou o ministro Bruno Dantas a recomendar que os ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Casa Civil montem um grupo de trabalho para verificar a eficácia das renúncias fiscais.
Segundo a Receita Federal, as desonerações (que compõem uma parte das renúncias fiscais) estão estabilizadas em 2018, depois de caírem levemente em 2017. De janeiro a abril deste ano, segundo os dados mais recentes, somaram R$ 27,577 bilhões, contra R$ 27,631 bilhões no mesmo período do ano passado. Os números da Receita são inferiores aos do TCU porque o Fisco leva em conta apenas as renúncias mais recentes e incorpora ao fluxo normal de arrecadação as perdas com regimes especiais instituídos há bastante tempo.
Ineficácia
Tributarista do escritório
Peixoto & Cury Advogados, Renato Faria diz que a equipe econômica
precisará, em algum momento, rediscutir as renúncias fiscais para continuar a
fornecer serviços públicos num cenário de restrição cada vez maior de recursos.
“Um dado importante é que o valor da renúncia fiscal que se estimava ter com
desoneração da folha de pagamentos superava o investimento da pasta da saúde.
Tudo isso quando temos um SUS [Sistema Único de Saúde] deficitário”, critica.
Além das desonerações, o advogado critica os sucessivos programas de renegociação de dívidas de contribuintes, apelidados de Refis, que representam perda de arrecadação por causa dos descontos nas multas e nos juros aprovados pelo Congresso. “Nos últimos anos, muitas empresas passaram por dificuldades para quitar impostos, mas as renegociações sistemáticas nos últimos 15 anos premiam o sonegador e punem o empresário que paga os tributos em dia e tem a competitividade prejudicada”, reclama.
Tributarista do escritório Simões Advogados, Thiago Taborda Simões defende o aumento na fiscalização de contrapartidas por parte das empresas de setores beneficiados por regimes especiais. “A fiscalização não deveria se restringir ao pagamento de impostos, mas também abranger o cumprimento das condições para receberem o incentivo, como geração de empregos, investimentos em tecnologia”, cita.
Além das desonerações, o advogado critica os sucessivos programas de renegociação de dívidas de contribuintes, apelidados de Refis, que representam perda de arrecadação por causa dos descontos nas multas e nos juros aprovados pelo Congresso. “Nos últimos anos, muitas empresas passaram por dificuldades para quitar impostos, mas as renegociações sistemáticas nos últimos 15 anos premiam o sonegador e punem o empresário que paga os tributos em dia e tem a competitividade prejudicada”, reclama.
Tributarista do escritório Simões Advogados, Thiago Taborda Simões defende o aumento na fiscalização de contrapartidas por parte das empresas de setores beneficiados por regimes especiais. “A fiscalização não deveria se restringir ao pagamento de impostos, mas também abranger o cumprimento das condições para receberem o incentivo, como geração de empregos, investimentos em tecnologia”, cita.
Segundo ele, a isenção de
impostos no meio da cadeia produtiva não beneficia a sociedade. “Esse tipo de
isenção bagunça o sistema tributário e cria distorções, porque o custo é
assumido pelo setor seguinte da cadeia e repassado para o consumidor, que no
fim é quem paga a conta no preço final”, acrescenta.
Reversão
Parte dos benefícios fiscais foi
diminuída em maio, para custear a redução de tributos para o diesel após a
greve dos caminhoneiros. No total, R$ 4,01 bilhões de desonerações foram
revertidos da seguinte forma: R$ 2,27 bilhões da redução do Reintegra (programa
de apoio a exportadores), R$ 830 milhões com a reoneração da folha de
pagamentos, R$ 740 milhões com o aumento de imposto sobre preparados para a
elaboração de refrigerantes e R$ 170 milhões com a revogação do regime especial
de produtos destinados à indústria petroquímica.
A disposição em avançar na
retirada de incentivos enfrenta resistência da equipe econômica. Em estudo
divulgado no fim do ano passado, a Secretaria de Acompanhamento Econômico do
Ministério da Fazenda (Seae) informou ser contrária à retomada da tributação
sobre lucros e dividendos e à reversão parcial do Simples Nacional, regime
especial para micro e pequenas empresas que fez o governo perder R$ 13,7
bilhões no ano passado. Para a pasta, as medidas resultariam em elevação da
carga tributária e reduziriam a competitividade do Brasil.
Edição: Lílian
Beraldo
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