BC trabalha para que
juros do crédito caiam mais rapidamente, diz Ilan Goldfajn
Kelly Oliveira – Repórter da Agência Brasil
O
Banco Central continuará trabalhando para que haja queda de juros do crédito
mais rápida, afirmou o presidente da autarquia, Ilan Goldfajn, ao apresentar
hoje (29) o Relatório de Inflação, em Brasília. Ele destacou que a
Federação Brasileira de Bancos (Febraban) deve anunciar em abril medidas
relacionadas ao cheque especial, mas não deu detalhes sobre as mudanças.
Goldfajn
lembrou que nesta semana o BC anunciou medidas para baratear o custo de uso das máquinas de cartão de
crédito pelos lojistas, com objetivo de reduzir os preços cobrados dos
consumidores.
Ontem,
o BC também anunciou a redução dos depósitos compulsórios, o que libera mais
recursos para os bancos emprestarem aos clientes. Para o BC, a redução dos
compulsórios pode resultar na diminuição do spread bancário –
diferença entre os juros que o banco paga ao investidor que empresta a ele e as
taxas cobradas de quem contrai operações de crédito.
Para
o presidente do BC, os efeitos do ciclo atual de cortes na taxa básica, a
Selic, nos juros dos empréstimos “estão mais ou menos compatíveis com outros
episódios [de redução da Selic] do passado”. “Esta semana, tivemos várias
medidas ligadas à concorrência, ligadas a custos. Vamos continuar fazendo isso”,
afirmou.
Saiba
Mais
- BC
mantém projeção de crescimento da economia em 2,6% para este ano
- Banco
Central reduz projeção da inflação para 3,8% este ano
Neste
mês, a Selic foi cortada pela 12ª vez seguida, chegando a 6,5% ao ano, o menor
nível da história. Já taxa média de juros para as famílias alcançou 57,7% ao
ano, em fevereiro, com redução de 15,8 pontos percentuais em 12 meses. A taxa
do cheque especial ficou em 324,1% ao ano, com redução de 2,9 pontos percentuais
em 12 meses.
Inflação
de volta à meta
Goldfajn
enfatizou que é preciso balancear a necessidade de garantir uma velocidade
adequada da volta da inflação para a meta e, ao mesmo tempo, assegurar que essa
“conquista” e dos juros mais baixos se mantenha por tempo prolongado. Para o
presidente do BC, o objetivo que é seja uma mudança “mais estrutural e não só
conjuntural”.
“A
economia brasileira precisa continuar com os ajustes e reformas. As projeções
do Copom [Comitê de Política Monetária do Banco Central] embutem as reformas.
Não é uma questão de curto prazo, mas uma questão de continuarem a ser
implementadas”, disse, destacando a reforma da Previdência e o projeto de
autonomia do Banco Central, que será enviado ao Congresso Nacional pelo
governo. Para Goldfajn, a votação do projeto de autonomia do BC pode ocorrer
ainda este ano. “ E sse projeto está andando bem e o governo está avaliando a
melhor forma legislativa de encaminhar esse projeto, está indo de acordo com o
esperado”, destacou.
Ilan
Goldfajn acrescentou que os riscos para a inflação e a economia brasileira
estão na interrupção desses ajustes e reformas e de mudanças no cenário
internacional, atualmente benigno para a economia brasileira.
No
relatório divulgado hoje, o BC revisou a projeção para a inflação, medida pelo
Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que passou de 4,2% para
3,8%, neste ano. A estimativa ficou mais distante do centro da meta de
inflação, que é 4,5% neste ano. Para 2019, a projeção para o IPCA caiu de 4,2% para
4,1%. A estimativa para 2020 passou de 4,1% para 4%. A meta para 2019 é 4,25%
e, para 2020, 4%. O intervalo de tolerância é 1,5 ponto percentual para cima ou
para baixo.
Goldfajn
reforçou que a Selic pode voltar a ser reduzida na próxima reunião do Copom, em
maio, e deve haver uma interrupção do ciclo de cortes em junho. O presidente do
BC destacou que, em junho, os efeitos de alterações da Selic na inflação serão
sentidos “majoritariamente” em 2019, devido à defasagem. “Quando a gente olhar
no meio do ano e tiver olhando majoritariamente para 2019, vamos analisar o que
já ocorreu, as projeções, os riscos e só depois tomar uma decisão. Isso
significa que podemos pausar por algum tempo [o ciclo de cortes da Selic]”,
afirmou.
Edição: Juliana Andrade
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